Tenho comigo um tesouro. Um poema escrito pelo meu pai quando ele estava só e saudoso no Mato Grosso, servindo ao Exército Brasileiro. 944. Nunca me esquecerei desse número. ele sempre o disse pra mim, nas conversas que tínhamos ao lado da máquina de costura.
Só muitos anos depois fui conhecer sua veia poética e apreciar o artista que ele sempre foi, seja nessas letras, seja na música ou nas artes plásticas que a alfaiataria que ele exercia sempre foi. Pura arte.
Esse poema em letras magras e elegantes, como as que meu filho hoje usa de maneira herdada inconsciente, gravadas em papel fino e frágil, mostram a saudade dele pelos seus. Saudade da sua cidade, daqueles que lhe queriam bem.
É um poema de trinta estrofes. Ou mais talvez, caso tenham se perdido outras que não tenho ciência. Não há título. O que coloco ali acima é meu. É um poema de quem herdei o sangue e um pouco do talento. Alguém de alma acima de nós, simples mortais. Quem o conheceu saberá dizer.
(...)
E então eu só ia à igreja
Para Deus eu pedir
Que minha vida seja
Cheia de saúde e bom porvir
E assim, tenho confiança em Deus
Em Nossa Senhora e Santos também
Que um dia encontro os meus
Com saúde junto a quem me quer bem
Meu nome ninguém se engane
Pois todos já sabem bem
Chamo-me Adelmo Degani
Filho de Cordiano e Hermínia também
(...)
Parte do poema de Adelmo Degani escrito como soldado número 944, no Esquadrão de Metralhadora no 10º R.C.D., em Bella Vista, Matto Grosso, provavelmente no início da década de 1930.
E então eu só ia à igreja
Para Deus eu pedir
Que minha vida seja
Cheia de saúde e bom porvir
E assim, tenho confiança em Deus
Em Nossa Senhora e Santos também
Que um dia encontro os meus
Com saúde junto a quem me quer bem
Meu nome ninguém se engane
Pois todos já sabem bem
Chamo-me Adelmo Degani
Filho de Cordiano e Hermínia também
(...)
Parte do poema de Adelmo Degani escrito como soldado número 944, no Esquadrão de Metralhadora no 10º R.C.D., em Bella Vista, Matto Grosso, provavelmente no início da década de 1930.
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