NO MUNDO DOS BLOGS. Todo mundo está se ligando, se conectando, se blogando. Os sinais de fumaça, os tambores, os pombos-correio, as cartas de papel, os telefonemas. Os blogs. Para começar, para ver como é que fica, vamos falar de tudo...
domingo, fevereiro 26, 2012
Portinari em Batatais - 2
Depois postei as fotos dos quadros do Portinari em Batatais, li esta notícia (clique aqui). Passou da hora de tomar iniciativas para preservar essas obras de arte.
Tags: Portinari; Batatais; Preservação; Ipha
sábado, fevereiro 25, 2012
Três
1
Foi grande o meu amor
não sei o que deu
quem inventou fui eu
fiz de você o sol
da noite primordial
e o mundo fora nós
se resumia a tédio e pó
quando em você tudo se complicou
2
Se você quer amar
não basta um só amor
não sei como explicar
um só é sempre demais
pra seres como nós
sujeitos a jogar
as fichas todas de uma vez
sem temer naufragar
não há lugar para lamúrias
essas não caem bem
não há lugar para calúnias
mas por que não
nos reinventar
3
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com o seu sexo
Junto ao mar
Antonio Cícero
Tags: Nexo; Sexo; Plexo; Complexo
Foi grande o meu amor
não sei o que deu
quem inventou fui eu
fiz de você o sol
da noite primordial
e o mundo fora nós
se resumia a tédio e pó
quando em você tudo se complicou
2
Se você quer amar
não basta um só amor
não sei como explicar
um só é sempre demais
pra seres como nós
sujeitos a jogar
as fichas todas de uma vez
sem temer naufragar
não há lugar para lamúrias
essas não caem bem
não há lugar para calúnias
mas por que não
nos reinventar
3
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com o seu sexo
Junto ao mar
Antonio Cícero
Tags: Nexo; Sexo; Plexo; Complexo
Quando estás vestidas
Quando estás vestidas,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite
Manuel Bandeira
Tags: Poesia; Brasilidade; Sensualidade; Nua
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite
Manuel Bandeira
Tags: Poesia; Brasilidade; Sensualidade; Nua
O amor é uma companhia
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E vê menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma cousa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas,
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Fernando Pessoa
Tags: Poesia; Portugueses; Pessoa; Distância; Saudade demais
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E vê menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma cousa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas,
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Fernando Pessoa
Tags: Poesia; Portugueses; Pessoa; Distância; Saudade demais
sexta-feira, fevereiro 24, 2012
Echoes
Echoes não era das minhas preferidas quando eu tinha menos de vinte anos. Eu gostava mais daquelas barulheiras, de máquinas e sons estranhos. Eu e Júnior Degani usamos alguns desses sons nas nossas radionovelas que gravamos quando tínhamos quinze ou dezesseis anos.
Dark Side of The Moon, enfim, sempre foi meu "álbum de cabeceira" e que já tratei aqui nesse blog. Mas nas últimas semanas, depois do Ugo Degani ter me presenteado com alguns megabites de maravilhas pinkfloydianas, fiquei alucinado com Echoes. Foi como eu nunca a tivesse ouvido. Acho que os anos apuraram meus ouvidos e fiquei vasculhando versões e vídeos, como aquele em Pompéia.
E numa baita coincidência (ou sincronicidade, como diria Jung), o Renato Cabral tuíta um vídeo do Pink Floyd em Gdańsk, e diz que é seu preferido. Não vou saber e nem arriscar a dizer que também é o meu, mas sintam aí o espetáculo que poucas pessoas atualmente podem desfrutar.
Dark Side of The Moon, enfim, sempre foi meu "álbum de cabeceira" e que já tratei aqui nesse blog. Mas nas últimas semanas, depois do Ugo Degani ter me presenteado com alguns megabites de maravilhas pinkfloydianas, fiquei alucinado com Echoes. Foi como eu nunca a tivesse ouvido. Acho que os anos apuraram meus ouvidos e fiquei vasculhando versões e vídeos, como aquele em Pompéia.
E numa baita coincidência (ou sincronicidade, como diria Jung), o Renato Cabral tuíta um vídeo do Pink Floyd em Gdańsk, e diz que é seu preferido. Não vou saber e nem arriscar a dizer que também é o meu, mas sintam aí o espetáculo que poucas pessoas atualmente podem desfrutar.
Tags: Pink Floyd; Echoes
Portinari em Batatais
Quando chegou da Itália, meu avô foi para Batatais, onde nasceram meu pai e alguns de meus irmãos. A cidade povoa minhas memórias infantis e é o pano de fundo de inúmeras histórias dos meus primos mais velhos que eu. Eles tiveram o privilégio de conviver com minha avó Hermínia Rizzo Degani e toda sua capacidade gregária.
Batatais também tem coisas únicas, além de ter gerado tanta gente boa, talentosa e amiga. Na igreja matriz (uma réplica da Capela Sistina) há vários quadros do Portinari, que descreveu cenas bíblicas com sua visão única.
Segundo meu irmão Antônio Carlos (ali, na frente da igreja), o atual padre não permite mais que se fotografem as obras. Então, seguem aqui algumas feitas pelo meu irmão. Quando for a Batatais, passe lá. Na saída, dê uma passada no Zé Bonitinho e peça uma Antárctica. Quem sabe você topa com algum Degani bom de música numa mesa...
Batatais também tem coisas únicas, além de ter gerado tanta gente boa, talentosa e amiga. Na igreja matriz (uma réplica da Capela Sistina) há vários quadros do Portinari, que descreveu cenas bíblicas com sua visão única.
Segundo meu irmão Antônio Carlos (ali, na frente da igreja), o atual padre não permite mais que se fotografem as obras. Então, seguem aqui algumas feitas pelo meu irmão. Quando for a Batatais, passe lá. Na saída, dê uma passada no Zé Bonitinho e peça uma Antárctica. Quem sabe você topa com algum Degani bom de música numa mesa...
Fotos: Antônio Carlos Degani
Tags: Portinari; Batatais; Degani;
O Carnaval da Cidade Maravilhosa
The City of Samba from Jarbas Agnelli on Vimeo.
Tags: Carnaval; Rio de Janeiro; Keith Loutit; Jarbas Agnell; escola de samba
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
Ali
Ali bem perto
A brasa abrasa o olho
Vermelha assim
Meio carmim
Meio pra mim
De um jeito
Que me olha
Dum efeito
Que molha
A face
O peito e sua camisa
Ali, decerto
Abraça a raça
E traça
Um roteiro que imagina
Ser estrada
Ser a sina
Que enfim leva
Da treva
Ao dia de Sol
A brasa abrasa o olho
Vermelha assim
Meio carmim
Meio pra mim
De um jeito
Que me olha
Dum efeito
Que molha
A face
O peito e sua camisa
Ali, decerto
Abraça a raça
E traça
Um roteiro que imagina
Ser estrada
Ser a sina
Que enfim leva
Da treva
Ao dia de Sol
Sem título
Nuvens de algodão
Num céu de azul cobalto
Os olhos vão ao alto
Mas voltam ao coração
Folhas e árvores em profusão
Vento que toca tudo em volta
Tempo que vai e que solta
As amarras da paixão
Céu azul, tarde de verão
Vento quente no peito
Ver que às vezes não tem jeito
De vencer a solidão
Num céu de azul cobalto
Os olhos vão ao alto
Mas voltam ao coração
Folhas e árvores em profusão
Vento que toca tudo em volta
Tempo que vai e que solta
As amarras da paixão
Céu azul, tarde de verão
Vento quente no peito
Ver que às vezes não tem jeito
De vencer a solidão
sábado, fevereiro 18, 2012
A adiada enchente
Velho, não.
Entartecido, talvez.
Antigo, sim.
Me tornei antigo
porque a vida,
tantas vezes, se demorou
E eu a esperei
como um rio aguarda a cheia.
Mia Couto
Entartecido, talvez.
Antigo, sim.
Me tornei antigo
porque a vida,
tantas vezes, se demorou
E eu a esperei
como um rio aguarda a cheia.
Mia Couto
quarta-feira, fevereiro 15, 2012
Sem título
E paro e penso e falo
Mas não sei se convenço.
Se adoeço e saro,
Não sei se é o começo
Do caro intento de matá-lo
Ou apenas seu prolongamento.
Eu tenho o gosto e o faro;
Não sei a que venho:
Se paro, se penso, se falo
Mas não sei se convenço.
Se adoeço e saro,
Não sei se é o começo
Do caro intento de matá-lo
Ou apenas seu prolongamento.
Eu tenho o gosto e o faro;
Não sei a que venho:
Se paro, se penso, se falo
Nua e Crua
Pura pureza
Bela beleza
Feia feiúra
Paúra
De olhar para a vida
E ver
A nua e pura feiúra
Da beleza
Crueza
No corpo estendido no plano
Na mesa
E os pêlos
Pretos
Proeminentes
Distantes
Vibrantes
Absolutamente
Cativantes
Pelo perfume dos órgãos
Que brotam dos grãos
Apaixonados pelas mãos
Donas dos nãos
Donas dos sins
Dos dedos trêmulos
Dedos afins
Êmbolos
De acesso ao fim
Bela beleza
Feia feiúra
Paúra
De olhar para a vida
E ver
A nua e pura feiúra
Da beleza
Crueza
No corpo estendido no plano
Na mesa
E os pêlos
Pretos
Proeminentes
Distantes
Vibrantes
Absolutamente
Cativantes
Pelo perfume dos órgãos
Que brotam dos grãos
Apaixonados pelas mãos
Donas dos nãos
Donas dos sins
Dos dedos trêmulos
Dedos afins
Êmbolos
De acesso ao fim
Necessidade do corpo
Nenhum pecado desertou de mim.
Ainda assim eu devo estar nimbada,
porque um amor me expande.
Como quando na infância
eu contava até cinco para enxotar fantasmas,
beijo por cinco vezes minha mão.
Este é meu corpo, corpo que me foi dado
para Deus saciar sua natureza onívora.
Tomai e comei sem medo,
na fímbria do amor mais tosco
meu pobre corpo
é feito corpo de Deus.
Adélia Prado
Ainda assim eu devo estar nimbada,
porque um amor me expande.
Como quando na infância
eu contava até cinco para enxotar fantasmas,
beijo por cinco vezes minha mão.
Este é meu corpo, corpo que me foi dado
para Deus saciar sua natureza onívora.
Tomai e comei sem medo,
na fímbria do amor mais tosco
meu pobre corpo
é feito corpo de Deus.
Adélia Prado
sábado, fevereiro 11, 2012
Prometeu
Teu corpo no meu ateu
Teu meu no copo do breu
Meu eu no claro do teu
Teu eu pra cima com o meu
O tempo que foi
Que lembro e que não
O meu e o teu
O himeneu
Que não foi
Que foi não
Aconteceu
Pro meu e pro teu
O que prometeu
E se cumpriu
Teu meu no copo do breu
Meu eu no claro do teu
Teu eu pra cima com o meu
O tempo que foi
Que lembro e que não
O meu e o teu
O himeneu
Que não foi
Que foi não
Aconteceu
Pro meu e pro teu
O que prometeu
E se cumpriu
Espreita
Palavras que saiam daqui
Não farão o que de certo seria
Imagens que apareçam ali
Não dirão o que eu queria
Enfoques diversos
Dispersos olhares
Milhares de toques
Interessantíssimos
Mas e assim
De um talvez
Ou de um sim
O que vi ou que não
A certeza ou o senão
De uma vez ou não
Devagar ou de sopetão
Virão a mim
Devagar
Ao vagar das nuvens
Ao apagar do Sol
Ao raiar do dia
Não farão o que de certo seria
Imagens que apareçam ali
Não dirão o que eu queria
Enfoques diversos
Dispersos olhares
Milhares de toques
Interessantíssimos
Mas e assim
De um talvez
Ou de um sim
O que vi ou que não
A certeza ou o senão
De uma vez ou não
Devagar ou de sopetão
Virão a mim
Devagar
Ao vagar das nuvens
Ao apagar do Sol
Ao raiar do dia
quarta-feira, fevereiro 08, 2012
terça-feira, fevereiro 07, 2012
Dilema
O que muito me confunde
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.
No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imenso num universo
que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo.
Antonio Cícero
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.
No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imenso num universo
que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo.
Antonio Cícero
domingo, fevereiro 05, 2012
Remember That Night
Música de verdade. Aprendam aí, moçada sem juízo musical...
Tags: Pink Floyd; David Guilmour; Rick Wright; Música boa; Crosby Still Nash Young
Tags: Pink Floyd; David Guilmour; Rick Wright; Música boa; Crosby Still Nash Young
quarta-feira, fevereiro 01, 2012
O amor, esse sufoco
O amor, esse sufoco,
agora há pouco era muito,
agora, apenas um sopro.
Ah, troço de louco,
corações trocando rosas,
e socos.
Paulo Leminski
agora há pouco era muito,
agora, apenas um sopro.
Ah, troço de louco,
corações trocando rosas,
e socos.
Paulo Leminski
Meus céus
Quando o céu fica azul
É a sua imagem que vejo
É seu rosto que elejo
Pra ficar em minhas retinas
Quando o céu se escurece
Meus olhos e suas meninas
Cumprem os dois suas sinas
De fitar o negro firmamento
Quando o céu se torna chumbo
E os cabelos se gelam ao vento
O que traz o arrebatamento
São seus olhos, guardados nos meus
É a sua imagem que vejo
É seu rosto que elejo
Pra ficar em minhas retinas
Quando o céu se escurece
Meus olhos e suas meninas
Cumprem os dois suas sinas
De fitar o negro firmamento
Quando o céu se torna chumbo
E os cabelos se gelam ao vento
O que traz o arrebatamento
São seus olhos, guardados nos meus
A falta que ama
Entre areia, sol e grama
o que se esquiva se dá,
enquanto a falta que ama
procura alguém que não há.
Está coberto de terra,
forrado de esquecimento.
Onde a vista mais se aferra,
a dália é toda cimento.
A transparência da hora
corrói ângulos obscuros:
cantiga que não implora
nem ri, patinando muros.
Já nem se escuta a poeira
que o gesto espalha no chão.
A vida conta-se, inteira,
em letras de conclusão.
Por que é que revoa à toa
o pensamento, na luz?
E por que nunca se escoa
o tempo, chaga sem pus?
O inseto petrificado
na concha ardente do dia
une o tédio do passado
a uma futura energia.
No solo vira semente?
Vai tudo recomeçar?
É a falta ou ele que sente
o sonho do verbo amar?
Carlos Drummond de Andrade
o que se esquiva se dá,
enquanto a falta que ama
procura alguém que não há.
Está coberto de terra,
forrado de esquecimento.
Onde a vista mais se aferra,
a dália é toda cimento.
A transparência da hora
corrói ângulos obscuros:
cantiga que não implora
nem ri, patinando muros.
Já nem se escuta a poeira
que o gesto espalha no chão.
A vida conta-se, inteira,
em letras de conclusão.
Por que é que revoa à toa
o pensamento, na luz?
E por que nunca se escoa
o tempo, chaga sem pus?
O inseto petrificado
na concha ardente do dia
une o tédio do passado
a uma futura energia.
No solo vira semente?
Vai tudo recomeçar?
É a falta ou ele que sente
o sonho do verbo amar?
Carlos Drummond de Andrade
Sunrise - Simply Red
...e ainda tem a casa do Niemeyer, maravilhosa... E ainda tem mais maravilhas brasileiras...
Tags: Oscar Niemeyer; arquitetura; Simply Red; Brasil
Tags: Oscar Niemeyer; arquitetura; Simply Red; Brasil
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