NO MUNDO DOS BLOGS.
Todo mundo está se ligando, se conectando, se blogando. Os sinais de fumaça, os tambores, os pombos-correio, as cartas de papel, os telefonemas. Os blogs.
Para começar, para ver como é que fica, vamos falar de tudo...
Por indicação do Luciano Araújo, posto esse vídeo aqui. Nenhuma novidade postar vídeo dos Beatles. Mas queria que você reparasse nos detalhes. Aqueles, estampados nos olhos destas pessoas que participaram no palco.
Quantos deles já se foram, assim como John e George? Quantos se deram bem na vida? Quantos estão tristes? Quantos encontraram a razão de suas vidas?
Mas a certeza é que aqueles que se foram e aqueles que ainda estão por aqui tiveram/têm uma lembrança maravilhosa pra guardar. Pra essa e pra outras vidas que venham viver. Momentos efêmeros e maravilhosos que todos eles guardaram em suas mentes e em seus corações.
Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro! Quem goza o prazer de te escutar, quem vê, às vezes, teu doce sorriso. Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia por minha carne, ó suave bem-querida, e no transporte doce que a minha alma enleia eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar. Não ouço mais. Eu caio num langor supremo; E pálida e perdida e febril e sem ar, um frêmito me abala… eu quase morro … eu tremo.
Eu queria ter escrito algo aqui, pra efeito de preâmbulo, como sempre faço nos textos do Cabral aqui publicados, mas vou ficar com umtrecho do próprio texto, que destaco: "Mas esta história não é só minha. Esta é a história de todos nós, desses anônimos que movimentam os bares, os jardins e os cemitérios, porque até os suicidas querem ser felizes."
E eu achando que era amor.
Como começar um texto, que ao final, será uma declaração de amor, brega e inconstante?
Talvez do mesmo modo como um amor começa: de uma vez, daquele jeito que não conseguimos saber mais onde um deu a mão e o outro estendeu a dele. Deve ser por isso que tantos dizem que é da espontaneidade que nascem os melhores sorrisos e os melhores tropeços. Ela me derrubou. E estou rindo aqui do chão.
Mas esta história não é só minha. Esta é a história de todos nós, desses anônimos que movimentam os bares, os jardins e os cemitérios, porque até os suicidas querem ser felizes. É a história desses tantos que se esbarram pelas esquinas ou se encontram nos balcões por aí. As coisas sempre dando seu testemunho dos nossos melhores acasos. E nós como os alvos desavisados de cupidos incansáveis.
É que ela me acertou com a beirada da coxa e uma frase de humor. Primeiro o joelho, depois a franja dançando sobre os olhos. Foi o bastante para o álcool do corpo ir para alma. Fiquei bêbado num estalo. E os bêbados são tolos, mas não são mentirosos. Meu sorriso entregava minha dissimulação. Eu tentando pajear minha falta de jeito, tentando me fazer maior e mais interessante, e os dentes contando que eu já estava de joelhos, voluntariamente preso a tudo aquilo quando ela mexia os cabelos. E nos beijamos. O beijo dela como um abraço de lábios, que durava mesmo quando ela já não estava.
O tempo passava e entre um encontro e outro tinha aquela coisa que colava o último momento no próximo. Eu achava que era saudade. E isso virou meu jeito de visitar o dia não mais com esperanças tolas e expectativas além do alcance dos braços, mas livre de tudo que não fosse só o essencial. E o essencial era já não precisar de nada a não ser ela, porque ela trazia tudo.
Seu jeito de me fazer importante, mas desnecessário, era o motivo que mantinha minhas cambalhotas no picadeiro, tudo para fazê-la continuar brilhando os olhos. Porque são os cílios, vocês sabem, os delatores dos que estão apaixonados. São esses pequenos braços que acariciam a bochecha do outro. E os meus ganharam os dela num beijo de olho.
Seu sorriso era mais obsceno que qualquer decote. Eu a namorando sem ela saber, fosse comprando um ingresso para o cinema, fosse pedindo por ela antes de dormir. Fosse aceitando em mim que ela ainda tinha outros e que ainda não era só minha. E por isso, conquistá-la tinha tanto sabor.
Em casa ela fazia outra de suas mágicas. Conseguia tornar todos os cômodos em quarto. E todo canto era uma desculpa para o sexo. Nossa fantasia era aquela que se vestia num abraço. Simples assim. Nos encostávamos e isso bastava. A ansiedade por ela tinha cheiro de coisa boa, era vontade de ficar por perto. E essa gana, era nosso jeito de nos ver de novo, mesmo longe.
Eu me distraia nas suas tatuagens. E ela achava que eu era muito baixinho. Deboche que mascarava o que ela também estampava na bochecha, vermelha, também quente de vontade. Eu não gostava das suas rasteirinhas e ela não gostava de ter os pés longe do chão, mas os braços estendidos ao céu mostravam que ela queria era voar. Era livre como poucas. E na impossibilidade de voar junto, porque já tinha por demais o peso do mundo nos ombros, me tornei lugar de pouso, de onde ela ia e vinha quando queria. Era a nossa fidelidade jurada sem palavras. Fiel ao outro sem nunca pedir nada em troca.
E para ela dei tudo, até aquilo que nunca gostei em mim. Era meu jeito de dizer que ao seu lado, estava em casa e até minhas pequenezas ficavam mais interessantes. Com ela, perdi a vergonha de ficar louco. E por não me negar mais, nunca mais falei sozinho nem joguei pedras no mundo. Aprendi que as lágrimas podem esperar quando a prioridade é ser alegre. Depois disso, não parei mais de sorrir. Como nas boas histórias, ainda não consigo prever o final deste filme. Porque de tão presente na narrativa, ela se tornou minha própria vida.
Por não termos saída um para outro, vivemos todos os dias nossa impossibilidade de fuga. E, assim, tenho aprendido que nossa relação não tem fim, porque se a paixão pode morrer ou se transformar em tanta coisa, até no desgosto, o amor só pode virar a eternidade. Mas aí, quando eu achava que era amor, ela veio e me disse: “Um afeto tão novo, tão irreconhecível. Te tenho como minha nuvem, que muda de forma a cada instante. Melhor esse afeto não ter nome para não significar nada e dar sentido a tudo”.
Para você, então, meu motivo, já posso agora te contar. Saudade não é sentir a falta de alguém ausente. Saudade é quando você encontra aquela pessoa e ao abraçá-la, descobre, repentinamente, naquele momento mesmo, como ela fazia falta. É por isso que a saudade só é possível com o amor. É por isso que te esperei a vida inteira. E é isso que sinto todos os dias quanto te vejo e te abraço. Não fique longe. Porque com você ausente, minha saudade morre. E meu amor também. Porque para nós, melhor que eu te amo é tenho saudade de você.
Dois videos pra gente ver um pouco da alma dessa menina que foi tão cedo, mas que parece que tinha seu destino traçado. O jeito dela em relação a Dionne Bromfield mostra quem era ela. Essa outra menina é uma privilegiada.
Essa aqui é histórica e na voz de outra diva fez marcas em minha alma. Aí, segue a letra também...
Can't Take My Eyes Off You
You're just too good to be true Can't take my eyes off you You'd be like heaven to touch I wanna hold you so much At long last love has arrived I thank God I'm alive You're just too good to be true Can't take my eyes off you
Pardon the way that I stare There's nothing else to compare The sight of you leaves me weak There are no words left to speak But if you feel like I feel Please let me know that it's real You're just too good to be true Can't take my eyes off you
I love you, baby And if it's quite alright I need you, baby To warm a lonely night I love you, baby Trust in me when I say Oh, pretty baby Don't bring me down, I pray Oh, pretty baby, now that I found you, stay And let me love you, baby Let me love you
You're just too good to be true Can't take my eyes off you You'd be like heaven to touch I wanna hold you so much At long last love has arrived And I thank God I'm alive You're just too good to be true Can't take my eyes off you
I love you, baby And if it's quite alright I need you, baby To warm a lonely night I love you, baby Trust in me when I say Oh, pretty baby Don't bring me down, I pray Oh, pretty baby, now that I found you, stay And let me love you, baby Let me love you
Lembra-te que todos os momentos que nos coroaram todas as estradas radiosas que abrimos irão achando sem fim seu ansioso lugar seu botão de florir o horizonte e que dessa procura extenuante e precisa não teremos sinal senão o de saber que irá por onde fomos um para o outro vividos
Em horas inda louras, lindas Clorindas e Belindas, brandas, Brincam no tempo das berlindas, As vindas vendo das varandas, De onde ouvem vir a rir as vindas Fitam a fio as frias bandas. Mas em torno à tarde se entorna A atordoar o ar que arde Que a eterna tarde já não torna ! E o tom de atoarda todo o alarde Do adornado ardor transtorna No ar de torpor da tarda tarde. E há nevoentos desencantos Dos encantos dos pensamentos Nos santos lentos dos recantos Dos bentos cantos dos conventos…. Prantos de intentos, lentos, tantos Que encantam os atentos ventos.
Só a natureza é divina, e ela não é divina… Se falo dela como de um ente É que para falar dela preciso usar da linguagem dos homens Que dá personalidade às cousas, E impõe nome às cousas. Mas as cousas não têm nome nem personalidade: Existem, e o céu é grande a terra larga, E o nosso coração do tamanho de um punho fechado… Bendito seja eu por tudo quanto sei. Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.
Mulher andando nua pela casa envolve a gente de tamanha paz. Não é nudez datada, provocante. É um andar vestida de nudez, inocência de irmã e copo d’água. O corpo nem sequer é percebido pelo ritmo que o leva.
Transitam curvas em estado de pureza, dando este nome à vida: castidade. Pêlos que fascinavam não perturbam. Seios, nádegas (tácito armistício) repousam de guerra. Também eu repouso.
Era um sete de setembro e ela estava lá como sempre foi. Linda, elegante e única. Eu ainda não chegava ao ombro dela, mas já a admirava. Ainda mantinha minhas mãos nos bolsos, era quieto, calado e observador. E observava. Seu porte altivo, de rosto mirando à frente, como todos devemos ser. Eu e Marelena sempre tentamos copiar isso nas fotos, mas nenhum de nós a superava. Nenhum de nós a superará.
Hoje não é sete como sete foi o dia que escrevi aqui para ela, quando ela se foi. Hoje é setenta. Setenta vezes Maria do Carmo.