Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos
Brilha o teu umbigo.
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus seios exiguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos –
Brilham.) Ah teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
Ficam nus também;
Teu olhar mais longo,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular!
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tua alma,
Nua, nua, nua.
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.
(Assim quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.
Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.
Brilham teus joelhos
Brilha o teu umbigo.
Brilha toda a tua
Lira abdominal.
Teus seios exiguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos –
Brilham.) Ah teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!
Se nua, teus olhos
Ficam nus também;
Teu olhar mais longo,
Mais lento, mais líquido.
Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular!
Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tua alma,
Nua, nua, nua.
Manuel Bandeira
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