segunda-feira, outubro 11, 2010

Luís, Paulo, Renato

Renato Russo já usou parte deste texto numa música linda chamada Monte Castelo, que já falei por aqui. Ele misturou Camões com São Paulo (Paulo de Tarso, o homenzinho que era soldado de Roma e se transformou num dos maiores propagadores do cristianismo). Renato Russo misturou tudo com seu talento e surgiu uma música linda (veja o link ali em cima).

Mas agora, segue a peça fundamental do portuguezinho que enxergava pouco, mas que sabia de muito. Quem ler os versos aí embaixo vai entender o que é ser poeta. Saber traduzir o que a Humanidade sente.


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

Luís de Camões

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