quarta-feira, julho 28, 2010

Eu vou cuidar do seu jardim




Os Cegos Do Castelo


Nando Reis

Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho, o lugar
Pro que eu sou

Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou

E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar

Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim


domingo, julho 25, 2010

God bless Yes

Yes era uma incógnita pra mim nos idos dos anos 70. Eu sabia que era um grupo diferente, mas pouco conhecia dele. Muito tempo depois foi o Tostão, também conhecido como Júlio César Lourenço, quem me apresentou aos sons maravilhosos que tão bem serviram de trilha para nossas intrépidas noites e tardes universitárias. God bless Yes.


quinta-feira, julho 22, 2010

All Things Must Pass



Sunrise doesn't last all morning.
A cloudburst doesn't last all day.
Seems my love is up
And has left you with no warning.
It's not always been this gray.

All things must pass.
All things must pass away.

Sunset doesn't last all evening.
A mind can blow those clouds away.
After all this
My love is up and must be leaving.
It's not always been this gray.

All things must pass.
All things must pass away.

All things must pass.
None of life's dreams can last.
So, I must be on my way
To face another day

And darkness only stays at nighttime.
In the morning it will fade away.
Daylight is good
At arriving at the right time.
It's not always gonna be this gray.

George Harrison

O nascer do sol não dura a manhã toda
Um céu carregado de nuvens não dura o dia todo
Parece que meu amor está acabado e a deixou sem nenhum aviso
Não será sempre cinza assim

Tudo deve passar
Tudo deve ir embora

O por do sol não dura a tarde toda
Uma mente pode soprar essas nuvens pra longe
Depois disso, meu amor está acabado e deve ir embora
Não será sempre cinza assim

Tudo deve passar
Tudo deve ir embora
Tudo deve passar
Nada na vida pode durar pra sempre
Então, devo seguir meu caminho
E encarar um novo dia

A escuridão só fica durante a noite
De manhã vai desaparecer
A luz do dia é boa em chegar no momento certo
Não será sempre cinza assim

Tudo deve passar
Tudo deve ir embora
Tudo deve passar
Tudo deve ir embora

sábado, julho 17, 2010

Mineiro em Nova York

Contam que num dia desses aí o mineirinho foi pra Nova York. E lá saiu à noite, se encontrou com um punhado de gente... Numa dessas, uma garota noviorquina se encantou por ele e o arrastou pro seu loft. Mineiro é “come-quieto”... Então ele foi sem falar muitas palavras.

Na hora da coisa toda, ela tava toda entusiasmada com a performance do quieto mineirinho e começou:
— Once more! Once more!
E o mineirinho respondeu:
— Berlândia! Berlândia!

Sonho

Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!

Sonho… Minha alma voa. O ar gorjeia e soluça.
Noite… A amplidão se estende, iluminada e calma:
De cada estrela de ouro um anjo se debruça,
E abre o olhar espantado, ao ver passar minha alma.

Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado.
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa.
E, como sobre um leito um alvo cortinado,
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa.

Porém, subitamente, um relâmpago corta
Todo o espaço… O rumor de um salmo se levanta
E, sorrindo, serena, apareces à porta,
Como numa moldura a imagem de uma Santa…

Olavo Bilac

sexta-feira, julho 16, 2010

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.
Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade



quinta-feira, julho 15, 2010

Dino

Isso é muito divertido! Ser menino é bom demais!



quinta-feira, julho 08, 2010

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Vinícius de Moraes

quarta-feira, julho 07, 2010

Setenta


Meu primo Júnior é quem sempre me lembra. E hoje, sete do sete, Ringo Starr faz setenta anos. O primeiro beatle a chegar por ali.

Setenta vezes sete vezes de alegrias pra ele e pra todos os que curtem Beatles.



Vinte anos sem Cazuza

Grande parte de minhas emoções foram fermentadas com as letras e as músicas do Cazuza. Éramos mais ou menos da mesma idade. Ele sim era um poeta. Eu não. Aquelas emoções que ganharam tons de melancolia ou de alegria, de verdade ou de saudade, de tesão ou de desilusão permaneceram em todos nós, que convivemos com a época do Cazuza. Foi uma época muito boa.



sábado, julho 03, 2010

Entre os teus lábios

Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.

No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.

Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.

Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.

Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha.

Eugénio de Andrade