sexta-feira, março 19, 2010

George

Meu primo Júnior é um sábio. E como qualquer um deles, sabe distinguir o que é bom do que é mais ou menos. Júnior sempre olhou (e ouviu) George Harrison com a sensibilidade dos sábios. Ele comprou o álbum All things must pass, um triplo que custou uma nota (muitos anos depois, virou um CD duplo), gravou o vinil em cassete e manteve a peça rara quase num cofre. Não num cofre de ferro fundido, mas num cofre-cuore.

Agora ele me passa esse texto extraído do blog O Baú do Edu, que reproduzo aqui. Ao ler o texto, quase vi George e sua postura que sempre teve. O tímido dos Beatles, o cara que preocupou com seu espírito, um cara de uma alma tão grande que a fazia transbordar por quem quer que a tocasse.

Júnior Degani não é tímido como George. Mas eles se parecem muito.




George planejou com calma e serenidade cada dia até sua morte. Longe da ribalta, discretamente, como era sua filosofia de vida, não permitindo a invasão da sua privacidade e da sua família. Apenas três pessoas sabiam onde e como George Harrison iria morrer: a mulher, Olivia, e o amigo, Gavin De Becker, que se encarregou de cuidar de tudo. Nem o filho, Dhani, sabia onde o pai iria morrer. Tudo foi combinado meticulosamente entre George Harrison e Gavin De Becker, do médico que passaria a certidão de óbito à capela onde seria cremado.

No dia 17 de Novembro, sabendo que o fim estava próximo, George mandou chamar a irmã e os amigos de sempre Paul McCartney e Ringo Starr. Para um Paul McCartney emocionado e com o rosto cheio de lágrimas disse: “ja não estarei aqui no natal”. Ringo disse que ficaria com ele até o fim e que cancelaria uma excursão marcada para o Canadá. George não permitiu dizendo-lhe que estava em paz.

Sem publicidade, no dia 17 de Novembro, George Harrison foi levado no jato particular de Gavin De Becker para Santa Monica, California, tendo depois sido transportado de ambulância descaracterizada até ao UCLA Medical Centre, em Los Angeles.No dia 20, o estado de George deteriorou-se e ele foi transferido para a casa de Gavin De Becker, em Beverly Hills, onde ficou isolado. A única visita exterior permitida foi a de Ravi Shankar.

A morte viria a ocorrer às 13h30 da quinta-feira, 29 de Novembro. Além da família, dois dos seus melhores amigos indianos, Shayam Sundara e Mukunda, entoaram cânticos Hare Krishna, enquanto o George desfalecia. O corpo de George Harrison foi cremado às 06h30 do dia 30 de Novembro. As cinzas seguiram na segunda-feira, 03 de Dezembro, para a Índia onde foram espalhadas num rio sagrado, provavelmente o Yamuna.




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