Ele nasceu com o nome de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Era chileno, comunista e adorava as mulheres. Então, era um poeta. Alinhavou as palavras de uma maneira que fazem delas abridoras de coração, iluminadoras de alma. São tantos e tantos poemas que seria covardia escolher apenas um para colocar aqui. Mas resolvi escolher um. Vou postar este aí de baixo, com essas letras e fontes de computador. Mas tenho certeza que um dia escreverei este poema numa folha de papel com a minha letra angulosa, com “S”s com rabichos e “L”s esticados. Usarei uma caneta que esbanje tinta. Talvez um azul royal ou um verde azulado, pra lembrar o mar do Atlântico. Talvez cole uma ou duas fotos em preto e branco. Colocarei uma linda moldura e o fixarei numa boa parede, num lugar em que eu possa passar várias vezes ao dia. Pablo Neruda me ajuda a dizer minhas palavras.
É assim que te quero, amor,
assim, amor, é que eu gosto de ti,
tal como te vestes
e como arranjas
os cabelos e como a tua boca sorri,
ágil como a água
da fonte sobre as pedras puras,
é assim que te quero, amada,
Ao pão não peço que me ensine,
mas antes que não me falte
em cada dia que passa.
Da luz nada sei, nem donde
vem nem para onde vai,
apenas quero que a luz alumie,
e também não peço à noite explicações,
espero-a e envolve-me,
e assim tu pão e luz e sombra és.
Chegastes à minha vida com o que trazias,
feita de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nossos lábios,
como um beijo caído das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.
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