quinta-feira, maio 01, 2008

Se é

Se é que é amor

Não há que ter pudor.

Há que se olhar nos olhos

Com a alma limpa e nua,

Tocar os cabelos, a Lua,

Sentir o gosto da estrela louca

No vermelho do céu da boca.


Se é que é amor

Não há que ter temor.

Há que se viver o dia

Como se último dia fosse.

E se vier o fim,

Fim e fim, acabou-se.


Mas se é que é amor

Não há que se tirar nem pôr.

Há que ser assim

Do começo ao fim.

Enorme penhasco

Visto de baixo,

Suave paisagem

Vista do alto.

E daí, por um salto

Sentir o céu, o vento

A fazer do corpo um véu

Até que venha o chão

Duro, firme, real,

Como dor de coração.

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