Quando eu era criança tinha um amigo, colega de classe, que se chamava Afonso. Como a professora fazia a chamada pelos nomes, era Afonso. Apenas anos depois ele se transformou em Afonsinho. Mas ele já me chamava de Paulinho. Fomos cada um para um lado, mas nos reencontramos na briga do vestibular e estudamos juntos novamente. Faculdade, e cada um para o seu lado mais uma vez. Muitos anos depois, cervejas, festas e nos reencontramos. E mais uma vez, cada um para o seu lado. Ele sempre para lados distintos. Não se casou como nós. Não teve filhos como nós. Foi para o seu lado.
Quando éramos crianças, às vezes ia na casa dele, um apartamento grande, com bancadas de granito que me faziam reparar com atenção naquelas pedras diferentes, polidas, brilhantes. Um dia ele me convidou para ir ao aniversário dele. Aceitei, mas fiquei sem jeito. Ele morava num edifício, que aparentava um certo tom de exclusividade, numa avenida que na época ainda era calma e nobre, sem o trânsito feérico de hoje. Então, chamei meu primo Júnior e fomos à festa, num terraço na cobertura.
Por e-mail, Júnior me fala que o Afonsinho (aquele que nós fomos no aniversário dele, no terraço do prédio da João Pinheiro) estava jogando tênis hoje pela manhã, teve um infarto fulminante e morreu. Tinha 45 anos, muitas idéias na cabeça e muito cigarro nos pulmões. Na verdade, da última vez que o vi ele não fumava cigarros. Devorava-os. Seu coração não agüentou a convivência com eles. Mesmo com tantas lembranças do Afonsinho, o aniversário no terraço acaba ficando. Ficou para o Júnior e acabará ficando para mim.
Quando éramos crianças, às vezes ia na casa dele, um apartamento grande, com bancadas de granito que me faziam reparar com atenção naquelas pedras diferentes, polidas, brilhantes. Um dia ele me convidou para ir ao aniversário dele. Aceitei, mas fiquei sem jeito. Ele morava num edifício, que aparentava um certo tom de exclusividade, numa avenida que na época ainda era calma e nobre, sem o trânsito feérico de hoje. Então, chamei meu primo Júnior e fomos à festa, num terraço na cobertura.
Por e-mail, Júnior me fala que o Afonsinho (aquele que nós fomos no aniversário dele, no terraço do prédio da João Pinheiro) estava jogando tênis hoje pela manhã, teve um infarto fulminante e morreu. Tinha 45 anos, muitas idéias na cabeça e muito cigarro nos pulmões. Na verdade, da última vez que o vi ele não fumava cigarros. Devorava-os. Seu coração não agüentou a convivência com eles. Mesmo com tantas lembranças do Afonsinho, o aniversário no terraço acaba ficando. Ficou para o Júnior e acabará ficando para mim.